segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Alfabetização X Letramento

Na última quinta-feira, 27/08, tivemos nossa primeira aula presencial contemplando as interdisciplinas de Linguagem e Educação, ministrada pela professora Suzana e Seminário Integrador VII, sob a responsabilidade do professor Crediné.

Em Seminário Integrador vimos que já estaremos iniciando nossa preparação para o estágio, o que, se por um lado nos orgulha vendo o retrospecto de nossa caminhada, por outro nos assusta pela responsabilidade e eminência de um final de curso que deixará saudades.

Na aula de Linguagem e Educação a professora Suzana trouxe um assunto que não nos é de todo estranho: a questão do letramento e alfabetização. Apresentando um resumo das atividades e leituras preparadas para este semestre, despertou o interesse de muitas colegas que trabalham com a faixa etária mais dedicada à alfabetização.

Desafiada pela provocação da aula presencial, procurei em pastas dos semestres anteriores o conceito para tais expressões. Nem precisei ir tão longe. No PARECER CNE/CEB 11/2000 que recebemos na interdisciplina de EJA, encontrei:

"A professora Magda Becker Soares (1998) esclarece: ...alfabetizado nomeia aquele que apenas aprendeu a ler e escrever, não aquele que adquiriu o estado ou a condição de quem se apropriou da leitura e da escrita. (p. 19)

A mesma autora diz: Letramento é, pois, o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever: o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como conseqüência de ter-se apropriado da escrita... (idem, p. 18) Assim ...não basta apenas saber ler
e escrever, é preciso também saber fazer uso do ler e do escrever, saber responder às exigências de leitura e de escrita que a sociedade faz continuamente... ( p. 20)

"Segundo a professora Leda Tfouni (1995) enquanto os sistemas de escrita são um produto cultural, a alfabetização e o
letramento são processos de aquisição de um sistema escrito. (p. 9)"

"Como diz a professora Magda Soares (1998):
...um adulto pode ser analfabeto, porque marginalizado social e economicamente, mas, se vive em um meio em que a leitura e a escrita têm presença forte, se se interessa em ouvir a leitura de jornais feita por um alfabetizado, se recebe cartas que outros lêem para ele, se dita cartas para
que um alfabetizado as escreva, ..., se pede a alguém que lhe leia avisos ou indicações afixados em algum lugar, esse analfabeto é, de certa forma, letrado, porque faz uso da escrita, envolve-se em práticas sociais de leitura e de escrita. (p. 24)

Esta dimensão sócio-cultural do letramento é reforçada pela professora Leda Tfouni:
O letramento, por sua vez, focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição da escrita. Entre outros casos, procura estudar e descrever o que ocorre nas sociedades quando adotam um sistema de escritura de maneira restrita ou generalizada; procura ainda saber quais práticas psicossociais substituem as práticas "letradas" em sociedades ágrafas. ( 9-10)"

3 comentários:

celilutz1 disse...

Olá Fabiana:
Felizes são os alunos que sabem que sentirão saudade de um curso mesmo antes que o mesmo tenha terminado, pois só se sente saudade do que foi bom, do que nos fez feliz... Essa fala pode ser interpretada como uma evidência do quanto já houve de preparo para a tão esperada etapa que é o estágio.
Quanto aos conceitos de alfabetização e letramento, abordados durante a aula presencial e que também pesquisaste: que reflexões fazes sobre a prática que ocorre na escola onde trabalhas e na tua sala de aula, em especial, à luz das obordagens?
Grande abraço.
Celi

Fabiana Aparecida da Silva disse...

Olá, Celi!
Percebo que nas escolas onde trabalho há uma grande preocupação com os alunos ainda não alfabetizados. Temos muitos alunos, alguns NEEs, que, mesmo com 14,15 anos, ainda não se apropriaram dos códigos da escrita. Dessa forma os professores ficam preocupados com a autonomia deste aluno no mundo que o cerca. Há então a tentativa, junto à família, de tornar esse aluno independente mesmo sem esse conhecimento formal. É importante que ele tenha domínio do mundo que o cerca mesmo sem dominar a leitura e a escrita. Dessa forma são incientivados a conhecer o bairro, a saber pegar o ônibus até o centro da cidade, conhecer o valor das cédulas de Real e assim ter alguma autonomia.
Abraços, Fabiana

celilutz1 disse...

Olá Fabiana:
Parabéns pela leitura do entorno que estás fazendo e fico feliz de teres aceito o desafio de continuar a reflexão.
Grande abraço.
Celi