segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O mundo sem sons

Sempre me impressiona a alegria e vontade de viver dos surdos. Nós ouvintes quando imaginamos um mundo sem nossas músicas preferidas, sussuros de um amor ou os risos de nossos filhos, imediatamente imaginamos também um mundo sem cores, sem alegrias, desbotado, cinza. Talvez isso explique nosso primeiro sentimento quando pensamos nos surdos: piedade.

No ano passado convivi com uma aluna que a mãe é surda. Quando me deparei com a tarefa de me comunicar com ela, vi que todo o meu medo não vinha da deficiência auditiva dela, mas da minha inabilidade em me comunicar que não fosse pela fala. Aquela mãe já estava há muito preparada para lidar comigo, e eu despreparada para um mundo sem sons. Ela se fazia entender, usava gestos, expressões faciais e assim nos comunicávamos.

Mais do que isso, quando passei a conviver com essa família descobri que a mãe é extremamente autônoma, faz diversos curos de pintura, artesanato e, incrível: fazia aula de dança do ventre. Fiquei muito feliz ao ver o quanto a filha sentia orgulho daquela mãe.

A forma como encaramos nossas limitações nos dirá até onde poderemos ir. Todos temos dificuldades, somos mais hábeis para determindas tarefas e temos dificuldades em outras. Isso torna a todos nós diferentes, especiais. Assim possibilides que se apresentam devem ser exploradas, esgotadas. Nunca poderemos dizer à nossos alunos do que eles são ou não são capazes. A nossa vontade nos dirá qual nosso limite. Como diz o poeta:

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!

Mario Quintana - Espelho Mágico

Um comentário:

Melissa disse...

Uma linda postagem :-)
Parabéns!!!!
Beijos
Melissa