domingo, 2 de maio de 2010

A qualidade do que fazemos

Tenho pensado nos últimos meses na qualidade do trabalho que realizo nas escolas. Me sinto, muitas vezes, abrindo e fechando gavetas. Pela manhã trabalho com o 5o. ano. Durante a manhã, desenvolvendo o trabalho com a turma percebo necessidades e oportunidades de aprofundarmos o que estamos estudando. Tenho ideias de atividades para trabalhar determinadas dificuldades apresentadas pela turma e tenho procurado anotar essas observações para voltar a elas.

Porém quando ainda estas impressões e ideias estão frescas na minha mente, tenho que "fechar a gaveta" do 5o. ano e abrir a do Projeto de Matemática da minha escola da tarde. Vejo então repetida a mesma cena. Percebo dificuldades dos alunos que atendo, tenho ideias de jogos para desenvolver no projeto, procuro anotar isso tudo para em algum momento voltar a elas.

Posso repetir aqui a mesma descrição para o Projeto dos Repórteres Mirins que atendo também na minha escola da tarde. Fico sempre com a sensação de que meu dia deveria ter 48 horas.

Em que momento do dia eu poderia, por exempo conhecer um museu para preparar uma visita com meus alunos? A que horas retomar as anotações que fiz? Em que momento ter acesso a biblioteca da minha escola? Fico com a sensação de que não conseguimos aproveitar da forma como deveríamos as atividades que realizamos. Falta-me tempo para prepará-la. Se proponho a minha escola sair, na manhã de planejamento para visitar um museu, fico devendo horas. Trabalho pelo menos três sábados por mês em reuniões e atividades nas escolas.

Tenho certeza de que uma aula de qualidade que atenda as necessidades dos meus alunos precisa ser pensada, preparada e pesquisada. Não tem sido fácil preparar atividades, pesquisar, ler, se tenho que trabalhar 44 horas semanais. Acabamos abrindo mão da família e de uma qualidade de vida para darmos conta de tudo .

Nessa perspectiva encontramos colegas que há anos usam o mesmo caderno de planejamento, independente da turma. Para receber uma remuneração minimamente razoável , trabalha-se 60 horas semanais. Qualidade? Que horas?

Um comentário:

Simone Bicca Charczuk disse...

Oi Fabi!! Muito pertinente essa tua reflexão, é nosso desafio cotidiano. Abraços!!